Existem pessoas que entram na nossa vida e mudam a forma como vemos o mundo. Gladys foi uma delas para mim! Eu fiz 25 anos no mesmo dia em que comecei a trabalhar no meu primeiro navio, o Queen Elisabeth II, e foi lá que conheci a Gladys, uma senhora inglesa de 50 e poucos anos. Não sei bem o que pensava, nos meus 25 anos, sobre este assunto, mas lembro-me que durante toda a minha adolescência havia um certo sentido de urgência em viver a vida, com uma visão de vida parada e, de certa forma acabada, quando passasse dos 30. Eu, durante a minha adolescência, via as pessoas à minha volta, com mais de 20 e tal, casadas, com uma vida monótona, rotineira, já decida até ao fim das suas vidas, e sabia muito bem que não era isso que queria para mim. Mas acreditava que era assim que funcionava a vida, que eu ia crescer, “envelhecer” e ficar igual, e por isso havia um certo sentido até de desespero que batia cá dentro por ver os meus anos a passar e o meu fatal destino a aproximar-se. ...
de Carla Francisco