E com o frio lá vêm as gripes, os músculos contraídos, os corpo encolhidos, os rostos franzidos. Tudo congela, até os nossos estados emocionais.
Mas será o frio o culpado de tudo isto? Ou a nossa intolerância emocional ao desconforto?
Cada vez temos vidas com mais conforto e cada vez mais as pessoas se queixam da vida que têm. Não acho que seja por acaso. Quanto melhor as coisas são à nossa volta, maior o desconforto quando não temos o que achamos que devemos ter.
Com o frio não é diferente. Hoje em dia temos uma vida de conforto que nem os nossos reis tiveram. Temos acesso a eletricidade e com isso aquecedores e aquecimento. Temos iluminação mesmo quando o dia já acabou e os dias tornam-se maiores … mais tempo para nos entretermos com o que não serve para nada a não ser nos mostrar a vida que ainda não temos?
Temos tanto, mas nunca chega, porque comparado com o que poderíamos ter é uma ninharia insignificante que não merece a nossa apreciação.
E por isto, não só, mas também por isto, vivemos em intolerância emocional. Intolerantes a tudo o que provoca desconforto. Não ao frio, mas à emoção de desconforto que o frio provoca.
De repente o cérebro entra em modo de emergência contra esta ameaça, o frio, que estamos no momento a sentir.
Os músculos tremem para nos aquecer e contraem para ganhar força contra este inimigo.
O sistema imunitário é super ativado e provoca inflamações desnecessárias. Por outro lado, quer este desgaste, quer os nossos estados emocionais negativos perante este frio, como o medo de ficar doentes, enfraquecem o sistema imunitário tornando o nosso corpo o recipiente perfeito para vírus e bactérias e dando-nos de presente aquilo que já sabemos que vamos ter … gripes e constipações.
Não é o frio que nos prejudica, mas sim a nossa intolerância ao frio.
O frio até é bom para nós. O frio rejuvenesce e conserva. O calor estraga e envelhece. E o desconforto, seja este provocado por momentos de frio ou outro qualquer, é temporário e passageiro, e é apenas a nossa intolerância a esses momentos, esta nossa resistência a qualquer emoção negativa, que nos faz prolongar um momento de desconforto e multiplicá-lo a uma vida de sofrimento.