Somos nós próprios quando identificamos as caraterísticas únicas do nosso ser e as expressamos nas nossas palavras e ações. Na forma como vivemos e nos relacionamos com os outros.
Existem duas alturas na vida em que somos excelentes a ser nós próprios:
Quando somos crianças, até aproximadamente os 7 anos de idade, e depois quando somos idosos.
Entre a infância e a velhice, encontra-se o resto das nossas vidas.
Se perguntámos a crianças de 3 anos quem é a mais forte, a mais alta, a mais engraçada, a mais bonita, todas vão dizer que são elas.
Mas se perguntámos a crianças de 7 anos a mesma questão, elas vão apontar o dedo e identificar quem acham que é a mais forte e quem é a mais bonita e quem é a mais engraçada ...
Nos primeiros anos de vida toda a atenção da criança e dos que a rodeiam está nela própria, mas depois ela aprende a ser mais autoconsciente, a avaliar, a julgar e a comparar.
Começa a deixar de ser ela própria para ajustar a sua persona às expetativas dos que a rodeiam e aos parâmetros estabelecidos pela sociedade em que se encontra.
Afinal, tudo o que ela quer, a criança e depois o adulto, é ser aceite, ser amada, ser significante, e estar segura.
E quando somos idosos, os anos que estão para trás já são muitos mais do que os que estão para a frente e literalmente estamos nas tintas.
Claro que também há uma aprendizagem de vida que nos ensina o que realmente é importante e a desvalorizar pontos de vista que não nos serviram para nada.
Vai-se a vergonha e atenção à opinião dos outros. Tudo intensifica-se e tornámo-nos mais honestos, mais autênticos, menos interessados em agradar os outros ou em comprometemo-nos.
É mais fácil dizer que não quero, que não gosto, que não vou!
E é mais dizer o que gosto e exigir o que quero ...
Voltamos a ser crianças!
No entanto durante a idade adulta a maioria de nós vive com um complexo de superioridade ou inferioridade.
Em ambos os casos há uma necessidade de comparar com os outros para medir e quantificar o melhor ou pior que somos.
Somos por comparação.
Somos mais ou menos bons filhos, ou pais, ou profissionais, ou cidadãos. Somos mais ou menos bonitos, ou gordos ou magros, ou importantes ou irrelevantes.
Nenhum destes complexos nos traz vantagens e ambos limitam a nossa capacidade de ser quem somos. Mais do que isso, limitam a nossa capacidade de descobrir e conhecer quem realmente somos.
Quantas vezes ouvimos ao longo da vida ... apenas sê tu próprio!!!
Mas não é assim tão fácil, pois não?
No segundo em que encarnamos é-nos dada uma sentença de vida ... um nome, uma herança familiar, uma herança genética, uma nacionalidade, uma cultura, uma data de início com uma previsão de um prazo de validade.
Ao longo da vida criamos uma perceção do que os outros acham de nós, uma personalidade que almejamos ser, um ego que flutua ao sabor dos acontecimentos externos ...
Isto tudo em volta de um ser interior que apenas quer ser igual a si próprio e único no propósito da sua existência.
Como em tudo, no meio é que está a virtude, neste caso, no interior.
Sem julgamentos de nós próprios ou dos outros, sem ilusões do que somos ou de quem deveríamos ser.
Sem rótulos, identificações, crenças ou pontos de vista.
Simplesmente Ser!