Por mais que a gente diga que a passagem de ano é apenas um dia a seguir ao outro a verdade é que a crença universal deste ritual de passagem deixa uma marca em todos nós.
Eu não sou de fazer resoluções de ano novo, mas no final de um ano e começo de outro gosto de fazer o balanço e tomar novas decisões para a minha vida. Este é um exercício mental que faço várias vezes ao longo do ano, sempre que chego a novas conclusões, a novas descobertas, a novas experiências. Mas com a passagem de ano este exercício deixa de ser espontâneo para ser uma quase obrigatoriedade a um momento de reflexão e decisão.
Olhar para trás e perceber o que correu mal e o que ficou por fazer, perceber o quanto cresci, aprendi e mudei, perceber o que realmente quero para a minha vida desde este novo ponto de partida, perceber o que já não me serve, não no tamanho do meu corpo, mas na dimensão da minha alma.
Para trás muita coisa tem de ficar. E as mudanças nunca são fáceis, especialmente quando envolvem outras pessoas. E envolve sempre! Envolve aqueles que nos querem bem e nos querem ver e conhecer de uma certa maneira. Envolve aqueles que deixam de beneficiar de algo que já mais não queremos dar. Envolve aqueles que deixam de ser o centro da nossa atenção ou a razão da nossa inquietação.
Para trás muita coisa tem de ficar, pois não podemos verdadeiramente mudar sem adicionar umas coisas e eliminar outras … pontos de vista, hábitos, maneiras de ser e agir … no relacionamento que temos com nós próprios, com os outros e com o mundo!
Para mim nunca foi difícil mudar, pelo contrário, sinto-me a sufocar quando as coisas se mantém iguais por muito tempo e não vejo mudança, que para mim é sinónimo de crescimento. Mas eu sei que para muita gente não é assim tão fácil. Muitos aprenderam a maldizerem a mudança, a chorarem o que fica para trás e a temerem o incerto que os espera à frente. Aprenderam que uma vida de sucesso é uma vida certa, e como a única coisa sobre a qual não temos controlo algum é a vida, sentem-se muitas vezes a fracassar quando são obrigados a mudar o rumo, a terem de reinventarem-se em si mesmos e nas suas vidas.
Nada é certo, nem a hora da morte, nem o tempo e a forma como os outros nos vão amar ou odiar, nem o que recebemos, e nem os resultados que produzimos por maior que seja o nosso esforço.
Nada depende só de nós e mesmo a parte que depende de nós é muitas vezes agitada por forças maiores do que nós e que nos pertencem, dentro da nossa própria mente.
Sim, gosto de fazer balanços. E para mim são sempre positivos! Quer no reconheço em mim, quer no que vejo nos outros e no mundo!
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