O corpo nunca mente. Mas será que lhe prestamos a devida atenção? Será que ouvimos o que ele tem para dizer?
O Ser Humano tem a capacidade de escolher as palavras que saem pela sua boca de acordo com a informação que quer transmitir ou quer ocultar. Mas não é só com palavras que falamos, e o nosso corpo, através da contração muscular, fala muito mais e fala sempre a verdade!
A comunicação não-verbal, aquela que fazemos através da nossa postura, dos nossos gestos, das expressões do nosso rosto, do tom da nossa voz, é uma comunicação que serve mais a quem nos vê e ouve do que a nós próprios.
Raramente alguém que está a falar pára para prestar atenção no tom da sua voz ou nas expressões do seu rosto, e limita-se a fazer uso das suas palavras para transmitir a informação que deseja transmitir.
Com as suas palavras acredita que sabe quando está a dizer uma verdade ou uma mentira, e acredita que o que está a comunicar corresponde às palavras que diz.
Mas quem vê e ouve recebe muito mais do que simples palavras. Recebe todo um conjunto de comunicação, aparentemente oculta, mas que fala mais alto do que qualquer palavra.
Esta comunicação não-verbal nunca mente, no sentido em que corresponde sempre aos pensamentos que ocorrem na mente do locutor. Sejam esses pensamentos conhecidos pelo próprio ou ocultos a si mesmo.
O corpo está programado para transmitir o que se passa na mente, e quando pensamentos são ativados, muitas vezes quando a pessoa está a falar de algum assunto que os ativa, o corpo transmite esses pensamentos.
Por isso, muitas vezes uma pessoa mais atenta, presta atenção a toda a informação que a outra pessoa está a transmitir. Muitas vezes até sem ter consciência que o está a fazer, mas esta pessoa sabe quando está a ouvir uma coisa e que de alguma forma não “encaixa” com o que está a sentir.
Este tipo de pessoa muitas vezes é chamada de intuitiva ou sensitiva, mas a verdade é que limita-se a sentir e a traduzir o que sente.
E o que está a sentir é toda esta comunicação não-verbal que está a ser transmitida.
Esta comunicação, apesar de estar sob o nosso controlo, é controlada pela nossa mente subconsciente e pela informação que lá se encontra.
A única forma de usarmos o controlo que temos sobre ela é exercendo o nosso foco e atenção sobre as nossas emoções e alterando-as.
Por exemplo, eu posso tomar consciência durante uma conversa que a minha respiração está a ficar mais acelerada e a minha voz mais aguda e entrecortada, e, de forma consciente, posso decidir retornar a minha respiração e voz ao seu estado natural.
Mas isto só irá acontecer se eu conseguir de alguma forma libertar-me dos pensamentos que estavam a ser ativados e que estavam a produzir este efeito, mesmo que eu não tenha consciência de quais esses pensamentos são.
Ao decidir dar a minha atenção e prioridade ao equilíbrio das minhas emoções e estado da minha respiração e voz, automaticamente a minha mente irá ser “obrigada” a libertar os pensamentos que não permitem um estado de equilíbrio e normalidade.
O que torna esta tarefa tão difícil é facto de que nos habituamos a ignorar o nosso corpo e as nossas emoções e passamos a acreditar que não temos controlo sobre os nossos pensamentos e ações e reações do nosso corpo.
Limitamo-nos a ouvir as palavras que saem pela nossa boca como sendo a verdade que temos dentro de nós e ficamos ofendidos quando os outros “ouvem” algo diferente e nos conhecem de uma forma que nós não conhecemos a nós próprios.
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“Quando as crianças aprendem a dizer “Eu estou a mentir”, elas já sabem que a maior mentira é o EU que em toda a sua incrível pomposidade pensa que o corpo lhe permite mentir.”
Do livro “The User Illusion” de Tor Norretranders
Artigo também publicado no blogue em wellbeingterapias.com