No dia dos meus anos, 25 de Junho, ofereceram-me um smartphone, e a maravilha que isto realmente é!
No entanto, dois meses depois, retiro a app do facebook e já me sinto como uma junkie em desmame.Eu nem acho que consigo imaginar a dimensão do impacto que isto terá noutras pessoas mais viciadas …
Afinal eu só uso isto há tão pouco tempo e com um uso muito ocasional.
Mas agora que não posso clicar no facebook dou por mim a querer clicar em alguma coisa.
Dou por mim a pensar onde posso ir neste magnífico telemóvel só para fazer alguma coisa, só para dar o toque que dá direito à abertura da caixa surpresa, pois não sabemos o que vamos encontrar do outro lado.
Será que vai ser uma coisa boa, será que vai ser uma coisa má, será que vamos receber elogios ou ser completamente ignorados? Será que temos assuntos pendentes para organizar ou itens para mandar para o lixo?
Nunca sabemos até fazer o clique e entrar para o lado de lá que é este inesgotável mundo da web.
Este texto, por exemplo, estou agora a escrever neste telemóvel que é fantástico e me permite fazer tanta coisa que antes não podia. E com a ligação do google keep a todos os dispositivos estou literalmente a escrever no smartphone e no computador ao mesmo tempo.
Estar não estou, que é tudo virtual, mas as letras aparecem num lado e noutro por isso torna-se real, prático e fácil.
Mas estou aqui na esplanada do café à beira mar e com a cara enfiada no ecrã, coisa que antes não acontecia.
Pelo menos já não clico no que não serve para nada e o bichinho do vício puxa pela minha criatividade para outras formas de o usar e acabo por escrever mais e registar mais os meus pensamentos.
Mas o engraçado disto tudo, que de engraçado não tem nada, é que eu nem sequer ligo, ou ligava, muito a estas coisas de apps e facebooks e tais.
Eu não sou uma pessoa com vontade de socializar nas redes sociais e por isso não uso perfis pessoais. Tenho a minha página profissional no facebok onde de vez em quando publico alguma coisa e lá ia ver o feedback às minhas publicações. Notificações no telemóvel só mesmo acionadas para o meu e-mail profissional, que destina-se exclusivamente ao contacto com os clientes, e ao meu site aquando de marcações online.
Escrever no blogue, escrever pensamentos, ou realizar trabalhos, era reservado para o tempo em casa e feito no computador.
E mesmo assim, bastou retirar o facebook para sentir a diferença.
Já lá não clico e vem-me ao pensamento clicar no e-mail, mas não vale a pena já que a luzinha fica verde no telemóvel quando lá tenho novidades e por isso se não recebi notificação alguma é porque nada se passa. Também penso em clicar na app do meu site, mas a história é a mesma, se bem que dou por mim a ir lá espreitar quantas pessoas visitaram o meu site ontem, e ontem outra vez quando passa mais uma hora, e mais outra … Podia ser curiosidade, mas sei que não é, nem faz sentido, é o bichinho do vício que ainda é pequeno, mas já faz a sua mossa.
Talvez eu sinta mais a diferença justamente porque não estava muito viciada e como tal consigo sentir o impulso que me puxa a fazer uma coisa que realmente não quero fazer, que nem tenho vontade de fazer.
É mesmo um impulso que reconheço, apesar de ser meu e vir de dentro de mim, não me pertence. E com um impulso não correspondido e contrariado às suas vontades, consigo perceber as direções onde me quer levar e os pensamentos que surgem e facilmente podia acreditar que eram meus.
Uma pessoa mais viciada talvez tenha dificuldade em sentir este impulso como uma vontade alheia a si própria. Talvez tenha dificuldade em perceber e ouvir estes pensamentos que borbulham na sua mente e a levam a fazer o que não quer, mas acredita que quer ou que não consegue fazer diferente, pois não separa a vontade que sente e o pensamento que tem de quem é.
Quando o impulso é confundido com vontade própria, não é analisado e questionado. Se eu quero é porque eu quero, pensa a pessoa, mas não pára para refletir que sabe que quer algo diferente para si, seja na realização da ação, seja na obtenção do resultado, e por isso uma vontade que é contrária ao seu propósito maior não pode ser a sua.
Ao aceitar deixar-se levar por um impulso que não é o seu, está a aceitar contrariar as suas intenções de vida e a tornar a sua vida mais negativa, quer na emoção que sente, quer nos resultados que obtém.
Por isso, de vez em quando, devemos de contrariar os nossos impulsos e as nossas supostas vontades. Quer seja em coisas assim aparentemente mais pequenas, quer seja em grandes decisões de vida.
Só para podermos perceber o que acontece dentro de nós. O que realmente nos puxa e o que nos motiva.
E se a vontade e os pensamentos nos pertencem ou se é só um impulso causado por hábitos ou crenças de vida.
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