“Eu tento”. “Eu tentei”. “Eu estou a tentar”.
Só em si estas afirmações dizem logo o que a pessoa realmente quer dizer ... “Eu não consigo”.
Na vida há quem faça e há quem não faça. E há quem tente.
Quem não faz, não faz porque não quer. Lá tem as suas razões e pode mudar de ideias.
Quem tenta diz que quer … mas não consegue.
Eu não consigo é uma das afirmações mais limitantes que podemos ter, porque estamos a dizer que queremos, mas não é possível.
Quando alguém diz que tenta, pensa que está a dizer que está a tentar fazer, a dar o seu melhor, a procurar uma forma de conseguir.
Mas não está!
Quando alguém diz que tenta, está a impedir a si próprio de conseguir.
Quando uma pessoa realmente quer conseguir algo, busca o conhecimento. Quando quer a mestria, busca a prática.
Para isso é preciso aprender, e podemos aprender com o tempo e a tentativa ou podemos aprender com o conhecimento e experiência dos outros, mas é preciso sempre haver disposição para fazer perguntas e abertura para receber a resposta e soluções.
É preciso fazer perguntas!
Nenhuma resposta vem sem haver uma pergunta primeiro. E nenhuma solução aparece sem haver um problema primeiro.
A pessoa que tenta não aceita o problema como sendo algo possível de mudar, e por isso não faz perguntas.
Já sabe que não consegue. Porque acredita que não é possível.
E enquanto acredita que não é possível, a abertura para receber a resposta é nula … Isso sim, seria impossível.
A mente nunca nos deixa ir contra nós próprios, contra aquilo que realmente acreditamos, mesmo que não seja da nossa consciência o que isso é.
A mente leva-nos sempre em direção a mais da mesma informação do que já acredita e torna-nos cegos, surdos e incapazes para tudo o que seja em contrário dessa informação.
Se acredita que não consegue, irá fazer de tudo para impedir os meios que iriam permitir o conseguir … é assim que a mente funciona!
Irá fazer de tudo para bloquear a resposta, calando o outro lado, e até a si mesma, com um “Eu tento”.
Na minha profissão tenho-me dado conta disto. Que não vale a pena enquanto a pessoa não quer aprender. Quando diz que quer e insiste que está a tentar.
Quer, mas não quer. Quer, mas não acredita que é possível. Quer, mas não deixa que a situação mude, para não entrar em contradição consigo própria.
Acha que quer, porque diz que tenta e, no entanto, quando diz que tenta, não sabe, mas está a dizer que não quer.
Lembro-me de uma sessão de coaching com um cliente em que ele insistia - a menina não entende, eu quero, eu quero, mas não consigo. Eu olhei-o nos olhos e disse - não quer! Não quer, porque não acredita que é possível, e por isso nem sequer tenta. Diz que quer, diz que tenta, mas não quer. Limita-se a dizer que quer e que tenta, sabendo muito bem que isso não é o suficiente para algo mudar. Recusa a aprendizagem e a ação, porque não acredita que é possível.
Ele então riu-se e concordou comigo. E ficou aberto o caminho para a mudança.
Tinha-lhe dado também o exemplo da minha mãe, que teima sempre que não consegue trabalhar com as mensagens no tlm, mas na verdade ela nem tenta aprender. Sempre que tentavamos lhe explicar ela fazia de conta que ouvia e via, mas bem dava para perceber que ela, mesmo antes de começar a aprender, já estava a bloquear a aprendizagem.
Não tinha interesse. Viveu a maior parte da sua vida sem telemóvel. Viveu também a acreditar que só se aprende quando somos jovens. E por isso a falta de vontade dela de aceitar que poderia aprender, leva-a a dizer que não consegue. Diz que tenta e não consegue. Mas não tenta nada, porque nem sequer experimenta. Não de verdade!
Experimentar também é receber informação. Não é só com os outros que aprendemos.
Quando experimentamos estamos a receber informação do que resulta e do que não resulta, do caminho a seguir e do caminho a evitar.
Só fazendo – sentindo e experimentando, é que podemos verdadeiramente aprender. E só aprendendo é que podemos saber.