Um barco, sem o seu navegador, limita-se a flutuar à deriva, sem rumo, sem propósito, sem qualquer tipo de controle sobre a situação. Limita-se a ir para onde as correntes do oceano o empurram.
Se o barco pensasse, iria pensar que não tem escolha sobre o seu destino. Que a sua vida está sujeita às condições do oceano em que nasceu e às alterações que ele sofre.
E o barco iria pensar de uma forma correta.
Se o navegador pensasse que é o barco, só porque tem um e está a navegar as águas com o auxílio dele, iria também achar que não tem escolha.
E estaria também a pensar bem. Já que a ser o barco e o barco a não ter escolha, o navegador não poderia ser diferente de quem é.
Mas se o navegador começar a perceber que é um Ser separado do barco. Que não é um barco, apenas tem um barco. Que é ele o único que está no comando e tem a capacidade de conduzir o barco e levá-lo onde desejar ir …
Aí o navegador irá prestar melhor atenção a onde está. Irá fazer escolhas sobre onde deseja ir. Irá estudar as condições do seu oceano e perceber quando deve avançar e quando deve esperar. E qual a melhor forma de usar as correntes a seu favor, para não estar a sempre a lutar contra a maré e a chorar que nunca chega a lado nenhum.
O navegador não iria culpar o seu oceano. Iria o aceitar com todos os perigos e maravilhas que este oferece.
O navegador iria deliciar-se mais com a sua navegação. Apreciar cada momento de perfeição e aguardar a passagem das tempestades, sem achar de fez algo de errado para as merecer.
Iria ser mais feliz. Iria querer, uma e outra e outra vez, voltar a pegar no seu barco e navegar e descobrir novos lugares para explorar. Em si. E no mundo.