Pergunto-me se a razão de um atual aumento de sofrimento emocional será mesmo culpa das tecnologias, media, e redes sociais.
Aqui vai uma teoria ...
Mas primeiro deixem-me recuar uns bons anos para trás.
Logo nos primeiros anos a trabalhar nos navios, percebi uma coisa que para mim me parecia fantástica e causou uma curiosidade que mantive nessa época sem aparente explicação.
Os turistas vinham fazer as suas férias em cruzeiros de uma semana, dez dias, quinze dias, ou até de maior duração. Mas a maioria, pelo menos nos navios em que estive, eram de dez dias.
Vinham de diversas partes do mundo, e a maioria de diferentes partes dos Estados Unidos, com diferentes idades, profissões, interesses, e personalidades.
Mas algo era fantástico ... durante um mesmo cruzeiro, parecia que se juntavam o mesmo tipo de pessoas.
A ver se me explico melhor, eram pessoas bem diferentes umas das outras, mas havia algo de fundo que sem dúvida tinham em comum.
Quando vinham ao spa, e por outras partes do navio, faziam o mesmo tipo de perguntas, o mesmo tipo de comentários, a mesma avaliação dos preços, e até se saiam com o mesmo tipo de anedotas e senso de humor.
Claro que não eram todos, mas no geral, algo de mais forte do que a história de cada um os unia, mesmo sem eles saberem.
Cheguei a comentar isto com alguns colegas que nunca deram muita importância a este facto, mas para mim foi sempre alvo de ponderação.
É engraçado, pensava eu. A minha única explicação plausível era que aquelas pessoas, entre todas as possibilidades para as suas férias, tinham escolhido o mesmo destino, a mesma forma de o explorar, a mesma duração das suas férias, e a mesma altura do ano para o fazer.
As suas preferências em relação às suas férias ideais eram idênticas, havia algo em quem eram que as fazia escolher assim, logo poderia fazer sentido que tivessem muito mais em comum.
Mas ao ponto de terem em comum uma pergunta parva e sem sentido, que naquela semana todos pareciam ter? E na semana seguinte com outros passageiros já ninguém tinha?
Algo mais havia na base de quem eram que as definia. Mais do que isso ... que as juntava numa mesma altura, num mesmo local ... tinham um destino (literalmente e figurativo) em comum!
Disso eu não tinha dúvida.
Não percebia era nada do que estava para ali a pensar, além do pensamento de como também muitas pessoas se juntam num mesmo lugar, por exemplo num avião, com o mesmo destino de terminar a sua vida física.
Usando esta memória, e outras, e pensando como hoje diferentes gerações são definidas com certas características de personalidade, com expetativas, preferências e problemas em comum, acredito que a cada década algo novo surge na humanidade.
Que a cada década nasce uma nova fornada de seres vivos, com intenções muito específicas globais, dentro da liberdade de individualidade de cada um.
Isto quer dizer que, apesar de cada indivíduo ter a sua liberdade de escolha e ter preferências pessoais em relação aos diferentes componentes que constituem a sua vida, as intenções de base de cada um são iguais às de todos, e todos colaboram em conjunto para a obtenção dessa finalidade.
Mas o que acontece com todas as gerações, que sabem muito bem o que querem antes de nascerem, é que depois de cá estarem deixam-se levar por crenças aprendidas do que devem ou não ser e do que podem ou não fazer e não se permitem ir de encontro à sua essência e ao seu propósito maior.
Um propósito que ao criar a transformação pessoal dentro de cada um, mude a consciência global e altere o campo de possibilidades para a humanidade. Que quebre barreiras com as crenças propagadas ao longo da história da humanidade e liberte a mente para novas possibilidades.
Acredito que uma certa geração, nasceu com o propósito de mostrar que a abundância financeira não tem limites e é acessível a qualquer um, independentemente da sua naturalidade, raça, sexo ou condição social. Html
E acredito que uma outra geração nasceu com o propósito de aceitar o egoísmo e o cuidar do próprio.
Conseguem adivinhar qual é?
E como lutam contra este propósito maior, abafam o chamamento interior com vícios e distrações, e hoje em dia, as redes sociais e o fluxo constante de informação em todos os meios, ajudam a manter a mente ocupada e sem capacidade para ouvir a voz interior.
Assim sendo, as tecnologias são a droga da atualidade. A droga que serve para ignorar a abafar o problema, e não a droga que causa o problema.
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