Num relacionamento quem falha, tu ou o outro?
Os dois obviamente. Mas vamos ver as coisas por este lado ...
Uma mesma atitude ou maneira de ser que em certa altura vias como algo engraçado ou fofo, agora irrita-te profundamente.
Como sentes essa irritação, acusas a outra pessoa de te irritar, e passas a olhar para ela de forma diferente, como uma pessoa que já não é o que era, pois antes gostavas da sua companhia e agora não suportas.
Mas quem mudou? A outra pessoa pode ter mudado e mudou com certeza desde os tempos em que vos conhecestes. Mas neste caso em concreto, e que corresponde à maioria nos relacionamentos, a situação é a mesma, ou muito similar, mas tu recebes de forma diferente.
Antes estavas apaixonado(a) e era com essa energia que recebias a ação do outro. Agora talvez vivas em preocupação, ou frustração, ou medo, ou stress, e assim recebes a ação de uma forma completamente diferente.
Como acontece com uma mãe, que perante uma mesma ação de um filho, por exemplo, estar a brincar e deitar uma jarra de vidro ao chão, tanto fica divertida com a brincadeira e agradecida que ele não se magoou, como fica enraivecida pelo trabalho e despesa que agora vai ter e pelo filho brincar alheio ao seu bem-estar.
Toda a mãe já passou por estes momentos em que vive a mesma situação de formas diferentes consoante o estado emocional em que se encontra no momento.
E nos relacionamentos dos adultos uns com os outros, sejam entre marido e mulher ou não, a nossa reação tem mais a ver (só tem a ver) connosco do que com a ação dos outros.
Perante a nossa intolerância ou irritação, podemos optar por afastar o outro das nossas vidas ou, pior ainda, tentar mudá-lo.
E assim sendo, o nosso estado emocional melhora no momento por não termos de lidar mais com aquela situação.
Mas de nada serve pois a causa do nosso estado emocional só a nós pertence, e não tem nada a ver com os outros, e naquela situação perdemos a oportunidade de olhar para dentro e perceber o que realmente nos aflige.
Acabamos também por perder ou danificar relacionamentos que são importantes para nós e que no nosso íntimo desejamos manter, caso contrário não nos incomodavamos tanto.
Por isso, antes de apontar o dedo, podemos parar e pensar sobre como nos sentimos e fazer por ter consciência que a nossa reação está a ser manipulada por esse estado emocional.
E que, por mais que a situação nos incomode e no momento realmente seja melhor criar algum distanciamento, devemos ponderar e tentar imaginar como seria a nossa reação a essa mesma situação num momento nosso de felicidade.
E por último, devemos pensar se vale a pena correr o risco de causar dano na relação e quebrar laços afetivos, quando até sabemos que realmente não estamos bem.
Afastar-nos de, por vezes é preciso. Seja da situação, seja da pessoa.
Pois não querer ser egoísta é, neste caso, a maior forma de egoísmo, porque por falta de coragem, destruímos a nós próprios e ao outro, e não damos oportunidade ao entendimento, ao perdão, e à conciliação.
Comentários
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário: