Existem homens que anulam a sua energia masculina por medo de perder o controle e magoar alguém.
Existem homens que abusam da sua energia masculina por medo que lhes passem por cima.
Existem mulheres que anulam a sua energia feminina por medo de não serem respeitadas.
Existem mulheres que abusam da sua energia feminina por medo de não serem entendidas.
O medo impede a expressão do Ser na sua totalidade.
Faz com que as pessoas se anulem e criem máscaras para melhor servir um propósito que acreditam ter.
Embora estes medos sejam para benefício do próprio, estão sempre ligados à dependência dos outros e ao precisar de ser aceite, entendido, respeitado e valorizado.
De facto, o ser humano está condicionado a viver em grupos.
A fazer parte de algo mais além de si próprio e a criar conexões que suportem a sua sobrevivência, identidade e hierarquia.
Este condicionamento da mente era válido nos tempos primitivos, e hoje em dia, se bem que não da mesma forma, continua a fazer sentido e continuamos a precisar uns dos outros.
Coloquem alguém sozinho numa ilha deserta e vejam quanto tempo dura ...
Mas agora os tempos são outros daqueles primitivos e a dependência física, algures na história, passou a ser emocional.
Com o dinheiro o ser humano passou a olhar mais para o seu umbigo e a si como alguém independente dos outros.
Passou a medir o seu sucesso e a qualidade da sua vida apenas pela quantidade de coisas que consegue adquirir com os seus tostões.
Seja saúde, seja conforto, seja segurança, seja liberdade, o ser humano passou a acreditar que tem mais ou menos conforme aquilo que consegue pagar.
E nesse sentido, a única coisa de que precisa é de dinheiro, e dessa forma, não precisa de mais ninguém.
O ser humano passou assim a dar toda a sua atenção ao tal dinheiro que é assim o único capaz de o ajudar e salvar nas horas difíceis.
Mas a mente condicionada a criar conexões com os outros continuou a manter-se e, sem entender esta força que o move, o ser humano transferiu o seu sentido de dependência dos outros do seu bem-estar físico, por uma dependência emocional.
Continua a ter esta necessidade que o puxa a pertencer a pelo menos um ou mais grupos e vê nessa colaboração uma troca de afetos.
Seja qual for o grupo, seja familiar, profissional, de amizade ou atividades e interesses comuns, para pertencer há duas normas a serem obedecidas:
Uma é o que lhe é exigido para pertencer ao grupo. Os outros membros irão impor limites e barreiras às suas palavras, atitudes, comportamentos e até preferências, sob ameaça (subentendida) de expulsão. Irão também criar em conjunto regras e valores a serem respeitados e ver como fora a si tudo o que aí não se enquadre.
Outra é o que o próprio indivíduo acredita que tem de ser e como tem de se comportar para poder continuar a pertencer ao grupo, por acreditar que será excluído se for algo diferente.
E assim enquanto continuar a pertencer ao grupo, irá continuar a não ver alternativa senão anular quem é e a não permitir expressar-se na sua totalidade.
Mas não será este um preço maior a pagar do que arriscar a própria vida como acontecia aos nossos antepassados quando eram excluídos do grupo?
Não será a liberdade de SER maior e mais importante que a Vida?
Não será melhor morrer, do que viver morto por dentro?
Mostrar quem somos poderá ser um preço alto a pagar.
Se for alguém que gostamos, essa pessoa poderá decidir sair da nossa vida.
Se for no nosso trabalho, podemos perder clientes e até um certo status.
Se for no nosso grupo de amigos, podemos correr o "risco" de ficar sozinhos.
E nem toda a gente está disposta a correr este risco. Porque acredita que precisa dos outros. Que precisa dos outros para a sua sobrevivência emocional e assim poder ser alguém no mundo.
Mas não!
Esta tal força que nos puxa é a mente primitiva que precisa de interdependência para a sobrevivência da espécie.
E se cada um reconhecer que realmente precisa dos outros para o seu bem-estar físico, não irá precisar assim tanto dos outros para o seu bem-estar emocional.
Se cada um reconhecer que o seu dinheiro de nada vale sem haver quem tenha ideias e quem crie coisas. E que há quem plante, e quem transporte, e quem proteja, e quem facilite.
Que o tal homenzinho sozinho na ilha quase nada iria aprender da vida ou de si próprio, e quase nada iria conseguir fazer sozinho. Que iria demorar tempo de mais a construir só um abrigo e que iria ser algo muito medíocre e de pouco valor e serventia.
Se cada um reconhecer isto, irá abençoar e agradecer o papel que os outros têm na sua vida e irá, espero eu, poder libertar-se a permitir-se não precisar de ninguém para SER quem É.
E assim poderá Ser. E poderá criar relacionamentos sinceros, autênticos e positivos, para si e para os outros.
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